Compreendendo as mudanças na estrutura da comunidade de anuros ao longo de um gradiente de intensificação do uso da terra em paisagens de cacau-agrofloresta
Os anfíbios são o grupo de animais mais ameaçado de extinção na Terra. As principais causas do declínio populacional e da extinção de espécies são a perda de habitat devido ao desmatamento, à fragmentação e às mudanças climáticas. Na região neotropical, o Brasil tem o maior número de espécies de anfíbios descritas, com mais de 1.100 espécies. Dessas, 625 espécies de anfíbios ocorrem na Mata Atlântica, das quais cerca de 70% a 90% são endêmicas desse bioma. Entretanto, o número total de espécies é muito maior, pois novas espécies estão sendo constantemente descobertas.
Os anfíbios são uma parte importante da cadeia alimentar de muitos ecossistemas tropicais devido ao seu grande número de espécies e ao elevado número de indivíduos, tanto como predadores de insetos, por exemplo, quanto como presas, especialmente para as cobras. Devido à sua importância na cadeia alimentar tropical, as populações de anfíbios são de particular importância para as funções do ecossistema. Especialmente em paisagens já utilizadas por seres humanos, como o sistema agroflorestal da cabruca, em que a renda da população local depende dos rendimentos dos sistemas agroflorestais. Devido ao seu uso, as cabrucas têm uma diversidade particularmente alta de espécies de anfíbios, pois tanto os especialistas, espécies que dependem de habitats florestais, quanto os generalistas, espécies que podem sobreviver em uma ampla gama de habitats, podem sobreviver aqui. Entretanto, devido aos seus hábitos semiaquáticos, os anfíbios são muito sensíveis às mudanças ambientais e, portanto, são bons bioindicadores da degradação do habitat.
Atualmente, ainda há lacunas no conhecimento sobre a ocorrência de espécies de anfíbios e a estrutura das comunidades de espécies no sistema agroflorestal da cabruca. Esta pesquisa faz parte de uma tese de doutorado como parte do projeto EAI. Em particular, será investigado o uso do habitat dos anfíbios ao longo do gradiente de uso da terra das parcelas do EAI. A estruturação da comunidade de espécies é determinada e relacionada à influência de fatores abióticos, como temperatura, precipitação e umidade. O início e o fim da estação de reprodução são registrados por meio de gravações acústicas automatizadas e também correlacionados com fatores abióticos.
O primeiro trabalho de campo do projeto será realizado em março de 2024. As espécies de anfíbios serão registradas em 36 parcelas de estudo do projeto EAI ao longo do gradiente de utilização da paisagem dominada pela cabruca. As parcelas de estudo permanentes estão localizadas em fragmentos de floresta antiga, floresta secundária, cabruca tradicional (com alta diversidade), cabruca de manejo intensivo (com baixa diversidade) e áreas abertas. Além disso, um total de 16 fatores abióticos são medidos. O trabalho é realizado durante o período de atividade principal dos anfíbios e começa ao anoitecer.
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