Almada Mata Atlântica Project


A Iniciativa de Avaliação Ecológica tem como objetivo quantificar a biodiversidade de longo prazo e os impactos socioeconômicos da mudança no uso da terra agrícola sobre a natureza e os seres humanos.
A Mata Atlântica, um hotspot de biodiversidade, é um exemplo de perda florestal que ocorreu em taxas rápidas nos últimos anos, associada à expansão de culturas comerciais e pecuária. A degradação do ecossistema da Mata Atlântica apresenta fortes impactos negativos nos esforços de conservação florestal da sua biodiversidade única e nas oportunidades de subsistência para os pequenos agricultores. Nesta região, o cacau vem sendo tradicionalmente cultivado em sistemas agroflorestais, conhecidos como cabrucas, à sombra de remanescentes de Mata Atlântica. No entanto, as pressões ambientais e socioeconómicas estão a deslocar os sistemas agroflorestais tradicionais para monoculturas de cacau a pleno sol ou para outras utilizações intensificadas dos solos, causando simplificação da paisagem, perda de biodiversidade e falta de resiliência para mitigar os impactos das alterações climáticas.
As mudanças no uso da terra nas paisagens da Mata Atlântica brasileira dominadas pelo cacau têm fortes efeitos negativos na conservação da biodiversidade, nas funções dos ecossistemas e na mitigação das mudanças climáticas. Há evidências que apontam que a simplificação da paisagem da Mata Atlântica diminui a biodiversidade de plantas arbóreas, répteis e anfíbios, aves e morcegos, e artrópodes. Além disso, esta mudança afecta a mitigação das alterações climáticas, uma vez que o potencial de sequestro de carbono também é reduzido com paisagens intensificadas. Evidências históricas no Sul do Brasil mostram que a perturbação das funções ecológicas reduz a capacidade agrícola para combater surtos de pragas, colocando em risco a estabilidade socioeconómica local e regional.
O Projecto EAI utilizará câmaras de monitorização da biodiversidade baseadas em inteligência artificial (IA) para quantificar as alterações na biodiversidade e as implicações para os serviços ecossistémicos, como a polinização e o controlo de pragas. Além disso, combinaremos os dados sobre biodiversidade e mudanças no uso da terra com parâmetros de pesquisa socioeconômica para identificar os principais impulsionadores dos ciclos de expansão e recessão na produção de cacau na Bahia. Os nossos resultados fornecerão recomendações sobre as melhores práticas agroecológicas para a produção sustentável de cacau, a conservação da biodiversidade e, em última análise, para melhorar os meios de subsistência dos agricultores.
A primeira fase do projeto foi realizada de 2022 a 2024 e tinha os seguintes objetivos:
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Compreender o efeito das mudanças no uso da terra em seis habitats principais na diversidade, composição e serviços ecossistêmicos fornecidos.
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Avaliar a polinização, o controlo de pragas, o sequestro de carbono e as alterações no rendimento do cacau ao longo de um gradiente de intensificação do uso da terra.
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Desenvolver um modelo preditivo dos impulsionadores ambientais e socioeconômicos dos ciclos de expansão e recessão na produção de cacau na Bahia para fazer previsões em escala regional para o uso sustentável da terra.
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Fornecer recomendações baseadas na ciência às partes interessadas do cacau para a adoção de práticas agroecológicas para a conservação da biodiversidade, mitigação do impacto climático e produção sustentável de cacau.
O Projeto EAI será interrompido em 2025. Em 2026, o Projeto EAI continuará com a segunda fase do projeto.
Locais do projeto
A área de estudo está situada na região. sul da Bahia, em uma área de 10 km2 no entorno da Fazenda Bom Pastor. Aqui foram estabelecidas e caracterizadas 60 parcelas de estudo permanentes de 40m2 cada - na Fazenda Bom Pastor e ca. 20 fazendas vizinhas.